sábado, 24 de abril de 2010

Jesus e a Zona de Desenvolvimento Proximal




Lev Vygotsky, um educador russo, afirmou que “O saber que não vem da experiência não é realmente saber”. Nessa frase podemos ver a base de sua teoria pedagógica: para ele todo aprendizado é necessariamente mediado. Segundo Vygotsky, o primeiro contato da criança com novas atividades, habilidades ou informações deve ter a participação de um adulto. Ao internalizar um procedimento, a criança “se apropria” dele, tornando-o voluntário e independente. Assim, admite que a única aprendizagem significativa é a que ocorre por meio da interação entre o sujeito, o objeto e outros sujeitos (colegas ou professores).
Nesse sentido, fazemos uma associação com o que ensina Salomão em Provérbios 22:6: “Ensina a criança no caminho em que deve seguir, e mesmo com o passar dos anos ela não se desviará dele”. Para o sábio rei, a aprendizagem significativa é aquela que passa pela mediação, assim como ensina Vygotsky. Observe que ele diz: “ensina no caminho”. Ele não diz “ensina o caminho”. A diferença reside no fato de que ensinar no caminho é estar com, é seguir junto. Nesse caso o adulto não aponta o exemplo, não mostra o caminho, mas segue também nele, participando ativamente, o que referenda a expressão do educador russo: “O caminho do objeto até a criança e desta até o objeto passa por outra pessoa”
Vygotsky chamou de Zona de Desenvolvimento Proximal a distância entre o nível de desenvolvimento real, determinado pela capacidade de resolver um problema sem ajuda, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através de resolução de um problema sob a orientação de um adulto ou em colaboração com outro companheiro. Ao educar, devemos agir assim: mostrar que fazemos, com exemplos significativos; fazer junto, mediando a aprendizagem, para, numa terceira etapa, deixar que o educando descubra as suas potencialidades. Jesus agiu assim com seus discípulos. Mostrou pelas suas atitudes o que deveriam fazer; seguiu fazendo com eles, admoestando e ensinando no caminho e depois deixou que seguissem fazendo, conforme o dom de cada um.
A verdadeira educação é aquela que agrega, que interfere para sempre no curso de vida das pessoas, que transfere valores e conhecimentos que irão ajudá-las e qualificá-las para construir uma vida digna.

sábado, 17 de abril de 2010

Antes só que mal acompanhado


Essa expressão faz parte do acervo popular e traz em seu bojo uma grande lição, quando estabelecemos uma analogia não só com nossos relacionamentos pessoais, mas também com as escolhas educativas. Os lugares e as pessoas que escolhemos para conviver compõem nosso repertório de aprendizado e determinam nossa forma de ver e de conceber o mundo. Não podemos separar os aspectos cognitivos dos afetivos. Nossas afinidades determinam nossas escolhas e com elas a forma como aprendemos e como apreendemos o mundo. Isso equivale dizer que as nossas companhias também definem a nossa educação, tanto no sentido lato, como estrito. Se me cerco de pessoas com tendências culturais diferentes daquelas que temos como ideal, é natural que aos poucos vou inserindo sua forma de sentir e de perceber essa cultura e passo a aceitar e a incorporar esses valores. Se me cerco de pessoas que, em vez de coisas fúteis e vulgares, se permitem ampliar seu universo cultural e intelectual com livros de boa qualidade, certamente serei motivado a conhecer e a entrar nesse ambiente.
Nesse sentido, a escolha do ambiente que nossos filhos freqüentam e de suas companhias é importante para a sua educação. Não estamos falando de classe social, ou de nível acadêmico, mas de pessoas que têm o que partilhar e acrescentar. E isso não depende de dinheiro, posição social ou titulação. Depende, sobretudo, da maneira de enxergar e de priorizar a educação, a moral e os princípios. Pessoas inteligentes falam sobre idéias; Pessoas comuns falam sobre coisas; Pessoas medíocres falam sobre pessoas. Eis porque devemos escolher nossas companhias e cuidar para que nossos jovens estejam cercados de pessoas que estimulem seu crescimento moral e intelectual, sem a frivolidade e a vulgaridade já tão banalizada pela mídia.

terça-feira, 13 de abril de 2010

A família e o amor que a sustenta




É no grupo familiar que se inaugura no desenvolvimento psicológico e o sentimento de aceitação social, sendo nesse âmbito que a criança tem suas primeiras e mais importantes relações. Tais relações preparam não só o relacionamento com outras pessoas, mas também a evolução de sua personalidade. É a família que, em nossa cultura, dá a criança o suporte para enfrentar dificuldades, o que torna necessário seu entendimento e a aceitação para trabalhar essa possível dificuldade.
Todos os pais sonham com o futuro de seus filhos, criam expectativas, idealizam e fazem projetos. Então, ao deparar-se com algo que foge a realização desses projetos, tende a ver frustradas suas expectativas. Há nessas situações o grande risco do desenvolvimento de sentimentos de culpa por parte dos pais, os quais acham que fizeram algo “errado” e, ao depararem-se com uma situação diferente de tudo que fora sonhado, confrontam-se também com uma perda de identidade social.
É nesse contexto que o amor é, sem sombra de dúvida, o recurso essencial para promoção de melhores condições e qualidade de vida da família. Os conflitos fazem parte da evolução humana e na família, no amor que questiona e instiga reflexões sobre nós mesmos é que nos fortalecemos e crescemos. As variadas técnicas psicológicas podem ser de grande eficácia, para que a família passe a ter outra visualização das dificuldades, mantendo-se assim emocionalmente equilibrada, aprendendo a lidar com suas angústias e tristezas, mas somente a certeza de que somos amados e a "não aceitação" das pessoas que nos amam reflete, na maioria das vezes, a não aceitação do outro, da sociedade. Assim, a família nos vê, aponta nossas falhas em nossa defesa, para que a sociedade não o faça de maneira velada e nos deixe deprimidos por não sermos aceitos como somos. A teia familiar se apresenta com toda a sua complexidade, expressando assim, nossa identidade, onde vislumbramos o todo e não a soma das partes. É o amor que nos une, por isso brigamos, porque não conseguimos ser indiferentes aos seres amados. A indiferença é o contrário do amor. Vladimir Maiakovski, poeta russo escreveu e eu tomo a liberdade de citar: "Amar não é aceitar tudo. Aliás, onde tudo é aceito desconfio que não haja amor." Nesse sentido, podemos relacionar com o que o Senhor nos diz em Hebreus 12: 6-7 “ Porque o Senhor corrige o que ama, e açoita a qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos, porque, que filho há a quem o pai não corrija?”

Rosa Maria Olímpio

sábado, 10 de abril de 2010

A educação pelo exemplo


O ser humano é um ser físico, anímico e espiritual, e seu desenvolvimento ocorre em fases, cada uma com necessidades intrínsecas. E, segundo a psicologia Waldorf, essas fases transcorrem no intercurso de sete anos. Durante os primeiros sete anos de vida a criança desenvolve os seus órgãos vitais, até que atinjam a sua forma definitiva. Nesse período ela está entregue, confiantemente a terceiros, de quem vai recebendo proteção e cuidados, e também, modelos e orientações de vida. Nesse período, ela aprende por imitação a língua, a cultura, atividades básicas de higiene, alimentação, vestuário, caminhar, etc. Aprende também os estados de alma do adulto com quem convive e com quem aprende a pensar. Nesse momento, todo o meio que envolve a criança está em comunicação com a alma infantil, as vivências e as suas qualidades penetram na criança atuando sobre o seu ser. A criança aprende a ser, vendo o que são as pessoas a sua volta. E ela tem como modelo de vida, como espelho de seus atos as pessoas que são mais próximas, pais, professores, e aqueles que gravitam a sua volta. Se em casa o modelo é de serenidade e equilíbrio, ela introjetará isso ao formar seu caráter, se lhe são dados modelos de conduta íntegra, com ênfase na honestidade e na moral cristã, ela crescerá com esses valores. Por outro lado, se ela cresce em meio a promiscuidade e a negação de valores éticos e morais, muito provavelmente refletirá esses valores em sua vida. A formação do caráter se dá nos dois primeiros períodos de sete anos da vida da criança, portanto, ocorre até a fase de mudança da fase infantil para a adolescência. Nesse período os pais precisam ter atenção redobrada com os exemplos que dão aos filhos, os professores precisam ser idôneos porque são formadores de opinião, e as relações familiares e de amizades são extremamente significantes. Nessa fase não se aplica o ditado “faça o que eu digo e não faça o que eu faço”, pois o exemplo vale mais do que qualquer lição porque vigora uma das maiores verdades no mundo: a criança imita os adultos em suas atitudes, mesmos as simples, diariamente. Por isso, pais, cuidado com as suas atitudes, cuidado com os seus modelos de vida, cuidado com os caminhos que escolhe. Neles seus filhos vão fundamentar o alicerce para o futuro.

sábado, 3 de abril de 2010

Hipocrisia X Moral




Recentemente recebi um e-mail com o texto de uma psicóloga que assistiu ao filme Cazuza. Suas ponderações me fizeram pensar sobre como as pequenas atitudes de nosso cotidiano contribuem para desviarmos o foco de uma educação alicerçada em valores morais sólidos e cristãos. Estamos aplaudindo pessoas erradas, cujos valores fogem do conceito de uma educação firmada na palavra de Deus. Em quem queremos que nossos filhos se espelhem se nossas escolhas são incoerentes. Será que hipocritamente assumimos: faça o que eu digo e não faça o que eu faço? Vejamos o texto da Psicóloga Clínica Karla Christine.
'Fui ver o filme Cazuza há alguns dias e me deparei com uma coisa estarrecedora.. As pessoas estão cultivando ídolos errados. Como podemos cultivar um ídolo como Cazuza? Concordo que suas letras são muito tocantes, mas reverenciar um marginal como ele, é, no mínimo, inadmissível. Marginal, sim, pois Cazuza foi uma pessoa que viveu à margem da sociedade, pelo menos uma sociedade que tentamos construir (ao menos eu) com conceitos de certo e errado.
No filme, vi um rapaz mimado, filhinho de papai que nunca precisou trabalhar para conseguir nada, já tinha tudo nas mãos. A mãe vivia para satisfazer as suas vontades e loucuras. O pai preferiu se afastar das suas responsabilidades e deixou a vida correr solta. São esses pais que devemos ter como exemplo?
Cazuza só começou a gravar porque o pai era diretor de uma grande gravadora. Existem vários talentos que não são revelados por falta de oportunidade ou por não terem algum conhecido importante. Cazuza era um traficante, como sua mãe revela no livro, admitiu que ele trouxe drogas da Inglaterra, um verdadeiro criminoso. Concordo com o juiz Siro Darlan quando ele diz que a única diferença entre Cazuza e Fernandinho Beira-Mar é que um nasceu na zona sul e outro não. Fiquei horrorizada com o culto que fizeram a esse rapaz, principalmente por minha filha adolescente ter visto o filme. Precisei conversar muito para que ela não começasse a pensar que usar drogas, participar de bacanais, beber até cair e outras coisas, fossem certas, já que foi isso que o filme mostrou.
Por que não são feitos filmes de pessoas realmente importantes que tenham algo de bom para essa juventude já tão transviada? Será que ser correto não dá Ibope, não rende bilheteria? Como ensina o comercial da Fiat, precisamos rever nossos conceitos, só assim teremos um mundo melhor. Devo lembrar aos pais que a morte de Cazuza foi consequência da educação errônea a que foi submetido. Será que Cazuza teria morrido do mesmo jeito se tivesse tido pais que dissessem NÃO quando necessário? Lembrem-se, dizer NÃO é a prova mais difícil de amor. Não deixem seus filhos à revelia para que não precisem se arrepender mais tarde. A principal função dos pais é educar.. Não se preocupem em ser 'amigo' de seus filhos. Eduque-os e mais tarde eles verão que você foi à pessoa que mais os amou e foi, é, e sempre será, o seu melhor amigo, pois amigo não diz SIM sempre.'

Missão

Encorajar a prática da oração intercessória na vida espiritual de cada membro da Igreja Cristã Manancial de Vida.