
Os judeus, desde os tempos do Antigo Testamento, usavam as parábolas como recursos didáticos. Entre as inúmeras pessoas que usaram este recurso a fim de comunicar uma mensagem clara e acessível encontramos o Profeta Ezequiel e os Sábios de Israel. Eles assim o faziam porque uma verdade ficava mais clara e inteligível ao povo quando era acompanhada de uma narrativa que colocava a realidade a ser percebida com a história a ser contada.
Quando Jesus ensinava usando a parábola Sua intenção era comparar um episódio do cotidiano com uma realidade espiritual. Esta é a principal razão pela qual repetidamente a parábola se inicia com o adjetivo “semelhante”, que também significa “da mesma natureza”, “igual” ou “similar”.
Um dos principais objetivos da parábola é provocar a imaginação e a consciência dos ouvintes de modo que ele se identifique com os personagens da narrativa. Essa é a intenção dos advogados, promotores, professores, pregadores...
Jesus empregou as parábolas com dois objetivos principais: didático e teológico. No primeiro, assumia a função do sábio, e, no segundo, a do rabino. Esta distinção deve ser entendida didaticamente, posto que o rabino era tanto sábio como teólogo.
Como sábio Jesus demonstrava a loucura em construir uma “casa na areia” ou mostrava a insensatez de se “confiar na própria riqueza”. Conselhos não muito distantes daqueles praticados pelos sábios de Israel nos idos do Antigo Testamento. Veja, por exemplo, o “dito metafórico” de Lucas 4.23: “Médico, cura a ti mesmo”. Nesse caso, temos então, uma parábola que estabelece uma comparação direta ou metafórica. Percebe-se, portanto, que o ensino parabólico é direto e simples, a fim de que toda audiência possa compreender a insensatez ou a sabedoria demonstrada pelos personagens da parábola. Desde criança somos acostumados às histórias fictícias ou reais, contos de fadas, fábulas, aventura, mistério, histórias de amor e até mesmo as narrativas do dia-a-dia fazem parte de nossa construção de significados e conhecimento.
Jesus, como um grande Mestre, um magnífico pedagogo, soube explorar esse recurso e nos ensinar também as técnicas argumentativas.
Uma vez compreendida a mensagem por detrás da comparação, os ouvintes são conduzidos a comparar a história contada e a realidade vivida. As histórias simples, contadas por Jesus, tornavam-se uma verdade prática, e eram possíveis de ser entendidas por todos, uma vez que cada um poderia trazer o significado para o seu universo particular.
As comparações usadas por Jesus não apenas apresentavam uma verdade, mas também condenavam atitudes arbitrárias, injustiças sociais e hipocrisias religiosas. Seu ensino não era apenas anunciação do Reino dos Céus, mas também denúncia dos pecados dos homens.
Com Jesus aprendemos não só a argumentar, mas a fazer da palavra um instrumento de ação em prol de uma humanidade melhor. Tanto os professores da Escola Bíblica como da academia secular, somos instigados pelo exemplo de Cristo usar a palavra no seu sentido maior, como uma gênese criativa, a elevar nossos alunos, a provocar sua transformação.
Profa Aya Ribeiro
Nenhum comentário:
Postar um comentário