sábado, 20 de fevereiro de 2010

Educação versus Sedução

A origem da palavra "educação" é o verbo latino "duco", que significa "conduzir", "guiar" por um caminho. Isso significa que envolve alguém e a escolha de um caminho.
Portanto, a base da educação está centrada no exercício de levar alguém ao desenvolvimento de seu potencial em todos os níveis, moral, intelectual e afetivo. Ainda, considerando a sua origem etimológica, podemos aduzir que para esse exercício está alguém que deve estar preparado para essa escolha, para guiar aqueles que estarão sendo conduzidos.
Entretanto, quando ignoramos aqueles que verdadeiramente nos conduz em um caminho seguro, corremos o risco de nos perder nele. Se voltarmos à etimologia da palavra educação, “duco” e acrescentarmos o prefixo "se", que significa afastamento, temos "seduco", origem de "seduzir". A sedução nos tira do caminho. Vemos isso em diversos exemplos bíblicos. A palavra sedução, do latim "seducere", literalmente significa "levar para o lado". Implica que alguém é desviado, afastando-se de algo bom e correto para algo vil e inferior. Em outras palavras, "ser desencaminhado".
Sempre que pensamos em alguém que foi seduzido, a figura bíblica de Sansão nos vem à mente. Ele foi o grande "seduzido" de todos os tempos. Sansão, instruído no caminho, escolhido por seus pais, guiou-se nele até o momento em que optou por se afastar dele, ao dar ouvidos a mulheres estranhas à sua fé. Sansão recebeu uma educação centrada nos princípios do Senhor, e foi chamado para ser um especial instrumento de Deus, em um tempo quando todo o povo de Israel fora seduzido pela cultura dos filisteus. Esse povo, diferentemente dos outros invasores, era civilizado e não se mostrava ostensivamente opressivo. Por isso, Israel relaxou sob seu domínio e não invocou o Senhor. Isso acontece muito atualmente: descuidamos de nossa educação, ou seja, dos caminhos aos quais somos conduzidos, quando não percebemos a estratégia sedutora de quem quer nos desviar do caminho.
Ao tomarmos a experiência de Sansão e quão terrível foi a sua sedução, devemos considerar também aquilo do que ele foi afastado. O povo de Israel estava acomodado a uma existência pacífica com os filisteus e Sansão seria o instrumento de Deus para despertar seu povo e convocá-lo a abandonar sua paixão pela cultura filisteia. Quando misturamos nossa cultura com uma cultura estranha aos nossos princípios, sobre os quais nossa educação nos conduziu, tendemos a nos acomodar e a achar natural as diferenças, mesmo que elas sejam contrárias ao que aprendemos com nossos pais e com nossos líderes espirituais.
Vemos que, para alcançar Seu propósito, Deus deu ordens aos pais de Sansão, instruindo que seu filho seria um nazireu. O cabelo de Sansão não deveria ser cortado (Jz 13.5). Ele não deveria beber vinho ou comer coisas impuras (Jz 13.7).
O princípio da sedução reside em abrirmos espaço para que nossos inimigos encontrem em nós alguma fraqueza. Se somos instruídos a não fazer algo, por alguém que nos conduz a um bom caminho e o fazemos, abrimos brecha para sermos desviados dele
Enquanto seguiu o caminho e não se desviou dele, Sansão foi usado por Deus de maneira poderosa e admirável e se mostrava invencível. A última coisa que esperaríamos ouvir era que Sansão brincaria com o perder a força que Deus lhe havia concedido. Ao buscar outros caminhos e entrar por desvios, o homem atual também perde sua força. Em geral, o sedutor, aquele que intenta nos tirar do caminho, é um bom observador e conhece nossas fraquezas. No caso dos filisteus, eles sabiam que Sansão possuía uma fraqueza por mulheres bonitas. Por isso, usaram Dalila. Três vezes Dalila pediu a Sansão que revelasse a fonte de sua força. Três vezes Sansão deu-lhe uma resposta falsa. Três vezes os filisteus vieram para dominá-lo, mas foram vencidos por ele. No entanto, nesses encontros, não há qualquer menção do Espírito vindo poderosamente sobre Sansão. Outra estratégia do sedutor é ir entrando sutilmente na vida daquele a quem pretende seduzir. Ele faz com que os desvios que propõe pareçam naturais e vai ganhando espaço, quando entra na vida do seduzido, minando suas forças. Foi assim com Sansão. Dalila o importunou além de sua capacidade de suportar até que ele revelou a verdadeira fonte de sua força. Quando ele dormiu, ela cortou suas longas tranças, e os filisteus vieram e o levaram preso. Sansão já havia saído do caminho traçado por Deus e instruído por seus pais. Ao se juntar a uma mulher estranha, flertou com o pecado, por isso Senhor se retirou dele. Mas o que aconteceu com Sansão mesmo enxergando a obviedade do que Dalila pretendia? Por que ele correu esse risco?
Aqui podemos enxergar a fragilidade da natureza humana, que diz respeito a todos nós. É comum que nossa atenção seja tomada por coisas que sabemos que nos tirarão do caminho e, consequentemente, nos destruirão: relacionamento desigual, pornografia, prostituição, adultério... Quantas vezes flertamos com o pecado e nos voltamos para ele, mesmo que alguém nos alertasse contra o perigo de fugir do alvo? Foi por isso que Sansão permaneceu conversando com Dalila e pagou um altopreço por sua tolice. Sansão se envolveu neste embaraço, não por falta de aviso, mas por confiar que poderia se firmar em sua própria força, convivendo com aquilo que o atrairia ao desvio. Com isso ele perdeu tudo o que tinha. Principalmente, a força de Deus em sua vida e foi destruído, juntamente com aqueles a quem ajudou a destruir. O jogo do sedutor é esse: atrair e depois ignorar, quando o objeto de interesse já tiver suas forças minadas. Muitos de nós, durante certo tempo, somos conduzidos no caminho de Deus, permanecendo contra a agenda deste mundo. Mas o sedutor namoro de Dalila começa a minar nossas defesas, e, antes que percebamos o que aconteceu, estamos pensando e fazendo de maneira similar aos filisteus, defendendo posturas contrárias à Palavra de Deus, saindo, portanto, do caminho da salvação. É preciso, pois, nos lembrar que a educação centrada na palavra de Deus nos conduz ao Reino Dele, todavia, qualquer desvio, pela sedução, nos leva à perdição. Mas tudo isso envolve uma escolha e essa escolha será sempre nossa, assim como foi com Sansão.






Profa Aya Ribeiro

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