domingo, 29 de maio de 2011

Qual é pior: o ladrão de bolsas, ou o ladrão de boa fé?





Quem é pior: aquele estranho a quem você nunca viu e que assalta sua casa, ou furta sua bolsa, tirando-lhe o fruto de seu trabalho ou aquele que se senta à mesa com você e, fazendo-se de amigo, ou convencendo você de que precisa de ajuda, leva as suas economias com a promessa de que pagará em tempo acertado? O primeiro pode ter a aparência de ladrão, características de ladrão, passíveis de serem reconhecidas pela investigação, mas o segundo, sob a proteção da impunidade, da falta de ocorrência policial ou ação que caracterize o crime, certamente é pior e mais condenável do que o primeiro, porque agiu sorrateiramente, aproveitando-se da boa fé de quem lhe abriu a bolsa, a porta, ou o coração. Não é menos do que um estelionatário, conforme se caracteriza quem cria engodos para furtar, contudo, é pior porque age na condição de amigo, de quem precisa do apoio de um companheiro que lhe ajude numa hora difícil e rouba não só os bens, mas a fé, a esperança e a credibilidade nas pessoas. É comum observar que quem assim age, não tarda a se comportar como inimigo de quem lhe acolheu e lhe abriu a bolsa para socorrer, quando ninguém o faria sem garantias. É fato que essa pessoa passa a ser evitada e não raras vezes caluniada para justificar a ação criminosa.
A Bíblia afirma que os ladrões não terão parte no Reino de Deus. E nisso se incluem aqueles que roubam sem ter testemunhas. No Reino de Deus não é necessário câmeras de segurança, ou prisão em flagrante, pois Deus tudo vê, tudo sabe e conhece o coração de quem arma contra o próximo, toma emprestado e não paga o que deve porque pensa estar sob a proteção da falta de provas, de documentos ou de testemunhas. Quem toma emprestado e não paga não é diferente do ladrão que arromba o cofre ou bate a carteira. É pior e mais perigoso, porque se senta à mesa e rouba pela confiança, pela falta de cuidado e precaução que possivelmente seria tomada diante de estranhos.
Quem rouba o irmão age multiplicadas vezes de forma pior, porque conhece a palavra e a usa para saquear o que Deus deu ao outro. Porque usa a palavra de Deus como arma para ludibriar e convencer. Porque não usa de violência não significa que não é ladrão. Pior do que esse, reconhecido pelo mundo como tal, o ladrão da boa fé é muito mais perigoso e desonesto do que aquele que empunha uma arma ou que arromba uma porta. Esse tipo de ladrão que toma emprestado e não paga, que compra e não quita a dívida, não abre cofres com maçarico, mas leva sua vítima a abrir sua bolsa espontaneamente, crendo que está diante de alguém de bem e que precisa de sua ajuda num momento difícil. Esse ladrão arromba a alma e o coração, tornando-se em curto tempo (o da possível cobrança) em um inimigo mais perigoso, um opositor ferrenho ou deliberadamente um mero desconhecido. De amigo presente e que reconhece o valor único do outro, passa a adversário, manchando a honra e a reputação de seu ajudador. E age exatamente como um ladrão porque mesmo não tendo nenhum documento que formalize o seu delito a sua consciência lhe acusa fazendo com que evite de todas as formas os caminhos de seu credor. Não conhece mais aquele que lhe abriu as portas, não sabe mais onde mora, desconhece seus telefones para justificar sua ausência. Muda de endereço ou de estado sem comunicar ou sem se despedir, como um fugitivo que sabe que será procurado. O pior disso tudo é que mesmo o homem não o tendo acusado formalmente, o ladrão sabe por si de sua condição e sabe que não há como esconder seu paradeiro de sua consciência ou de Deus, por isso vive como tal, sem amigos fiéis, sem poder dormir o sono dos justos, porque sua consciência o acusa, ou mesmo que não tenha a consciência não tem paz, porque paz é fruto de um espírito em tranquilidade e em harmonia com Deus. E, certamente, Deus não tem parte com ladrões.

Nenhum comentário:

Missão

Encorajar a prática da oração intercessória na vida espiritual de cada membro da Igreja Cristã Manancial de Vida.